Zanin prorroga Operação Sisamnes e assume investigação sobre venda de sentenças no Tocantins
O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 60 dias o inquérito da Operação Sisamnes, que apura um suposto esquema de venda de sentenças judiciais e vazamento de informações sigilosas em tribunais estaduais — incluindo o Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) — e até mesmo em gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A informação é do jornal Estadão.
A decisão foi tomada no último dia 9 de junho e também incluiu a avocação dos autos da Operação Maximus, que tramitavam no STJ sob a relatoria do ministro João Otávio de Noronha. A Maximus investiga a venda de decisões judiciais no TJTO, e, segundo Zanin, há conexão entre os dois casos que justifica a unificação das apurações sob supervisão do STF.
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Zanin acatou manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou elementos indiciários de envolvimento de autoridades com foro privilegiado, inclusive no próprio Supremo, além da necessidade de preservar a economia processual. A Operação Sisamnes foi deflagrada em diversas fases desde 2022 e o nome faz alusão a um juiz persa punido por corrupção na antiguidade.
Conforme apuração do Estadão, as investigações da Polícia Federal revelaram diálogos entre o prefeito de Palmas, José Eduardo Siqueira Campos (Podemos), e o advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Em conversas via WhatsApp, Siqueira Campos teria antecipado a deflagração da Operação Maximus e menciona nomes de desembargadores supostamente envolvidos, além de prever que “agosto vai feder” e que “tem desembargador que vai perder o cargo”.
Em outro trecho, o prefeito afirma saber que o relator do inquérito seria o ministro Noronha. Os investigadores suspeitam que o conteúdo indica acesso indevido a investigações sob sigilo no STJ. Ambos negam envolvimento com o vazamento de informações.
Thiago de Carvalho, que está preso preventivamente desde 9 de abril, é o único investigado detido até agora. A defesa pediu a revogação da prisão e propôs o uso de monitoramento eletrônico, mas Zanin negou, alegando a gravidade dos fatos e a influência do acusado — inclusive no STJ. O ministro também reiterou que Thiago não fazia jus à sala de Estado Maior, já que exercia cargo de assessor no Ministério Público à época da prisão, o que é incompatível com a advocacia.
A Operação Sisamnes também alcança investigados nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No Tocantins, a etapa mais recente ocorreu em maio, quando a PF cumpriu mandados no gabinete e na residência de Siqueira Campos.