Suposto plano de fuga de Carlesse teria identidade uruguaia e passaporte italiano
O ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse (Agir), foi preso na manhã deste domingo (15) em sua fazenda, localizada em São Salvador, na região sul do estado. A prisão foi efetuada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPTO), em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal de Palmas.
Segundo informações do G1, a decisão que autorizou a prisão preventiva apontou indícios de um possível plano de fuga para o exterior. O ex-governador teria conseguido emitir uma identidade uruguaia e um passaporte italiano, além de realizar tratativas para enviar dinheiro ao exterior. Após a prisão, Carlesse foi transferido para uma carceragem em Palmas, onde permanece à disposição da Justiça.
Plano de fuga e documentos no exterior
De acordo com a decisão do juiz Márcio Soares da Cunha, há evidências de que Carlesse e seu sobrinho, Claudinei Quaresemin, ex-secretário de Parcerias e Investimentos do Tocantins, estavam organizando uma fuga para países como Itália ou Uruguai.
A investigação revelou que em abril de 2024, Quaresemin enviou a Carlesse uma foto de sua identidade uruguaia, emitida no início daquele mês. Em junho, uma nova mensagem confirmou a aprovação da residência permanente de Carlesse no Uruguai. Além disso, diálogos indicaram que os investigados discutiam formas de enviar dinheiro para contas no exterior por meio de câmbio paralelo, o que, segundo o juiz, pode configurar crimes como lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
“Apurou-se que Mauro Carlesse já está com seu passaporte italiano nas mãos, pronto para deixar o Brasil, tendo declarado residência em Marsciano (Perugia), onde o vilarejo de Pieve Caina está encravado”, destaca a decisão judicial.
Outro ponto mencionado é a tentativa de alugar uma casa na Itália usando o nome de uma intermediária e o uso de um endereço italiano para constituir advogados e requisitar documentos para familiares.
Investigações contra Carlesse
O juiz também ressaltou que Mauro Carlesse é alvo de várias investigações, como as operações Hygea e Éris, que apuram o pagamento de propinas no plano de saúde dos servidores públicos e o aparelhamento da Polícia Civil do Tocantins, entre outras suspeitas relacionadas a desvios de recursos e fraudes.
“A Orcrim objeto da presente imputação mantinha conexões com essas outras organizações criminosas independentes, com agentes interagindo entre umas e outras na consecução de objetivos que se mostrassem convergentes”, escreveu o magistrado.
A prisão preventiva foi determinada para garantir a aplicação da lei e evitar que Carlesse e Quaresemin empreendessem fuga internacional. Quaresemin, inclusive, está preso desde 10 de dezembro, em cumprimento a um mandado da Justiça Federal relacionado a outra investigação da Polícia Federal.
Defesa de Carlesse
Em nota, a defesa de Mauro Carlesse informou que o ex-governador sempre esteve à disposição da Justiça e continuará colaborando. Os advogados também afirmaram que irão apresentar um pedido de revogação da prisão.
Histórico de Carlesse
Mauro Carlesse foi governador do Tocantins entre 2018 e 2021, mas acabou afastado do cargo por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em seguida, renunciou ao mandato para evitar um processo de impeachment.
A reportagem segue acompanhando o caso para trazer atualizações sobre os desdobramentos. As informações são do G1.