Por indício de fraudes, Ministério Público Eleitoral pode suspender pesquisas do Instituto Gauss

O MPE-TO (Ministério Público Eleitoral) do Tocantins pode suspender pesquisas divulgadas pelo Instituto Gauss no Estado. Protocolada nesta sexta-feira, 16, a denúncia feita pela Coligação Araguaína Pode Mais é de que a empresa autofinanciou mais de R$ 32 mil, cerca de 88% das pesquisas realizadas pelo instituto, e todas apresentaram resultados positivos para candidatos do partido União Brasil.

“A empresa denunciada já realizou, no período de pré-campanha e campanha eleitoral, mais de R$ 150 mil reais em pesquisas eleitorais, das quais 88,57% foram autofinanciadas. Ou seja, a própria empresa custeou a realização de 31 pesquisas, gerando sérias suspeitas sobre a imparcialidade dos resultados apresentados”, traz a denúncia que pede a abertura de inquérito civil público.

A coligação ainda aponta que, ao analisar os registros das pesquisas realizadas e divulgadas pela empresa no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), constata-se que todas apresentam resultados favoráveis a candidatos filiados ou coligados ao União Brasil, especialmente prefeitos com mandato ou candidatos à reeleição apoiados por esses prefeitos.

De onde vem o dinheiro
A denúncia questiona de onde vem os R$ 151 mil reais que a empresa se “autofinancia” realizando diversas pesquisas custeando todos os trabalhos dos entrevistadores e arcando com todos os custos para aplicação dos questionários. Os fatos mostrados ainda apontam que a empresa vem realizando trabalhos desde março deste ano em sua maioria “gratuitos”.

Outro fato denunciado é que quase todas as pesquisas da empresa são assinadas por um único estatístico, Galttieri Ferreira Tavares. “Ao que parece, o mesmo é residente no Rio Grande do Norte. A reincidência do mesmo profissional em diferentes pesquisas levanta suspeitas sobre a metodologia aplicada e a credibilidade dos resultados”.

Indício de fraudes em Araguaína
A coligação trouxe como um dos exemplos de possível fraude a pesquisa registrada sob o número TO-02096/2024, realizada em Araguaína. O resultado, amplamente divulgado, apresentou uma vantagem significativa para candidatos coligados ao União Brasil.

De acordo com a Coligação Araguaína Pode Mais, “as práticas ilícitas previstas na Lei n° 9.504/97 (Lei das Eleições), além de violarem os princípios constitucionais da isonomia e da transparência eleitoral, a conduta da empresa pode ser tipificada como abuso do poder econômico e manipulação de pesquisas eleitorais, em clara afronta ao processo democrático”.

Investigação
A coligação pede ao MPE-TO a imediata investigação dos fatos e dos responsáveis pela empresa, M. Vieira da Silva Barros – Qualiquanti Gauss e dos envolvidos nas pesquisas eleitorais.

Outro pedido é que seja expedida recomendação ministerial para que a empresa proceda com a imediata suspensão das pesquisas eleitorais ainda não divulgadas pela empresa, especialmente aquelas previstas para serem veiculadas em Araguaína, até que se verifique a legalidade e a veracidade dos dados apresentados.

“A adoção de medidas urgentes para evitar o desequilíbrio do pleito eleitoral, considerando a gravidade das condutas denunciadas e o impacto que podem causar na eleição em curso”, finalizou o documento.

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