MPF é contra habeas corpus de Wanderlei e diz que esquema de corrupção “jamais se interrompeu”

Parecer cita dinheiro vivo apreendido e aponta suposta lavagem ligada a pousada em Taquaruçu; governador afastado tenta reverter decisão do STJ na Operação Fames-19

O Ministério Público Federal (MPF) se manifestou contra o habeas corpus apresentado pela defesa do governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que tenta voltar ao cargo do qual foi afastado em 3 de setembro por decisão do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito da Operação Fames-19.

Segundo reportagem do jornalista Cléber Toledo, o parecer, assinado pela subprocuradora-geral Maria Caetano Cintra Santos, sustenta que os atos investigados pela Polícia Federal demonstram um esquema de corrupção que “jamais se interrompeu”, iniciado ainda no período em que Wanderlei era vice-governador e que teria ganhado proporções maiores quando assumiu o governo.

O que diz o parecer

De acordo com o MPF, há registros de pagamento de despesas pessoais, boletos e depósitos fracionados em contas do próprio governador e de familiares. Esses repasses, conforme a investigação, teriam sido feitos por Marcos Martins Camilo (chefe de gabinete), Thiago Macedo Mota (fiscal de contratos de cestas básicas) e Welber Guedes de Morais.

O documento também destaca a apreensão de grande quantia em espécie no gabinete do governador, interpretada como indício da continuidade delitiva. Outro ponto levantado foi a suspeita de lavagem de capitais por dissimulação, por meio da aplicação de parte do dinheiro em um empreendimento de luxo em Taquaruçu, a Pousada Pedra Canga, registrada em nome dos filhos de Wanderlei.

Fundamentação da decisão

Ainda segundo o parecer, não há “flagrante ilegalidade ou abuso de poder” na decisão do ministro Mauro Campbell que afastou o governador. Para o MPF, a medida foi devidamente fundamentada em provas já constantes nos autos.

Contexto

A Operação Fames-19 investiga supostos desvios de recursos em contratos de fornecimento de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. O afastamento de Wanderlei foi determinado em caráter cautelar.

Agora, o habeas corpus apresentado pela defesa busca reverter a decisão e permitir o retorno imediato ao exercício do cargo. O processo segue em análise no STJ, mas ainda não há data para julgamento.

Defesa

A reportagem buscou contato com a defesa do governador afastado Wanderlei Barbosa, mas não obteve retorno até a última atualização desta publicação. O espaço segue aberto para manifestação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: O conteúdo protegido !!! Este conteúdo e de exclusividade do Repórter TO.