Líder de grupo que usava aviões e submarino para tráfico internacional é condenado no Tocantins
Dois homens investigados na Operação Flak foram condenados pela Justiça Federal por envolvimento com o tráfico internacional de drogas. João Soares Rocha, apontado como líder da organização criminosa, e Fábio Coronha da Cunha, identificado como braço direito, receberam penas que somadas ultrapassam 22 anos de prisão.
A sentença foi proferida pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal, assinada pelo juiz André Dias Irigon. A investigação começou em 2018, quando uma aeronave com 300 quilos de cocaína foi apreendida em Formoso do Araguaia (TO). O grupo, segundo a Polícia Federal, utilizava aviões e até um submarino improvisado para transportar grandes quantidades de drogas da Colômbia e Venezuela para o Brasil, Estados Unidos e Europa.
Penas e condenações
De acordo com a decisão, João Soares Rocha foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado, além do pagamento de multa. O juiz destacou que ele chefiava o esquema, financiando aeronaves, hangares e meios logísticos para o transporte da droga, além de recrutar pilotos e mecânicos. João ficou foragido por quatro anos e foi preso em março de 2024, na divisa do Brasil com o Paraguai, permanecendo atualmente na Unidade Penal de Palmas.
Já Fábio Coronha da Cunha recebeu pena de 10 anos e dois meses de prisão, também com multa. A decisão aponta que ele tinha pleno conhecimento da dimensão internacional das atividades do grupo. A defesa dele afirmou que vai recorrer, alegando que a condenação se baseia em “suposições sobre uma aeronave que caiu no oceano e nunca foi localizada”.
Esquema internacional
As investigações apontaram que o grupo atuava havia cerca de 20 anos, utilizando rotas aéreas e marítimas que passavam por países produtores como Colômbia e Bolívia, intermediários como Venezuela, Honduras, Suriname e Guatemala, e destinos como Estados Unidos e Europa. O Tocantins era um dos pontos estratégicos, com pistas clandestinas usadas para reabastecimento das aeronaves.
Em 2018, durante a Operação Flak, a Polícia Federal descobriu um submarino artesanal no Suriname, capaz de transportar até 7 toneladas de drogas — o que evidenciou o alcance e a sofisticação da quadrilha. No ano seguinte, uma operação simultânea da PF resultou em 28 prisões e 11 aeronaves apreendidas.
A decisão reforça que as atividades do grupo causaram “impacto direto na expansão do tráfico internacional e na lavagem de dinheiro em larga escala”.

