Vítima de violência doméstica pede pizza ao SAMU que aciona a PM
Era madrugada de domingo, 19 de março, quando uma técnica auxiliar de regulação médica plantonista do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Araguaína recebeu uma ligação inusitada. “O chamado foi de uma mulher pedindo pizza”, contou a técnica. Devido ao histórico de muitos trotes recebidos pelo órgão, a atendente iniciou um protocolo próprio do SAMU de prestar atenção no som de fundo da ligação para ajudar a identificar a situação.
Foi então que percebeu que a mulher que pedia a pizza estava falando com a voz baixa. “Eu desconfiei e perguntei se ela precisava de ajuda. Ela disse que sim. Pedi o endereço e um ponto de referência, e disse que enviaria a pizza. Na mesma hora, entrei em contato com a Polícia Militar”, relatou a atendente. De acordo com as informações compartilhadas pela PM com o SAMU, quando chegou no endereço informado, a polícia encontrou a mulher com várias marcas de agressões, configurando o crime de violência doméstica, e levou o companheiro dela preso em flagrante. “Nossa missão é salvar vidas, então eu fico muito feliz em ter ajudado”, ressalta a técnica do SAMU. Novos protocolos Periodicamente, o SAMU realiza diversas capacitações e atualizações junto aos servidores com foco no atendimento ao cidadão e a situação vivenciada pela atendente passará a fazer parte dos treinamentos. “Não é algo convencional, mas os casos começam a ficar cada vez mais comuns no país, por isso vamos preparar nossa equipe para ficar cada vez mais sensível para chamados dessa natureza”, informa o diretor administrativo do SAMU, Alberto Gomes. A função do técnico auxiliar de regulação médica, chamado de TARM no SAMU, é fazer o primeiro atendimento da ligação, coletando os dados iniciais, como o motivo do chamado e endereço, para depois repassar para o médico regulador. Contudo, no caso em questão, a servidora optou por conduzir o atendimento da forma mais rápida possível. “Quanto mais tempo a vítima fica no telefone, maior é a chance de o agressor perceber e interceptar a ligação”, explica Alberto.