Ponte de R$ 200 milhões entre Tocantins e Pará segue sem data de entrega por falta de acessos

Obra iniciada em 2017 está 95% concluída, mas depende de desapropriações no lado paraense. Enquanto isso, travessia continua sendo feita por balsas que enfrentam dificuldades.

A ponte sobre o rio Araguaia que ligará os municípios de Xambioá (TO) e São Geraldo do Araguaia (PA) segue inacabada mesmo após oito anos do início do contrato. Com 95% da estrutura pronta, a obra de R$ 204,2 milhões ainda não pode ser utilizada por falta dos acessos rodoviários — última etapa orçada em R$ 28,6 milhões que depende da conclusão de desapropriações no Pará.

A travessia é parte da BR-153 e deveria ter sido entregue há mais de dois anos. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), os acessos serão construídos entre os km 151,56 e 151,87 no Pará e entre os km 1,20 e 2,90 no Tocantins. No lado tocantinense, as desapropriações já foram concluídas no primeiro semestre deste ano, mas no Pará as audiências de conciliação ainda nem começaram — estão previstas apenas para os dias 6 e 7 de agosto.

Enquanto isso, a população continua dependendo da travessia por balsas, operadas pela empresa Pipes. A ponte, com 1.724 metros de extensão, é aguardada por mais de 1,5 milhão de pessoas que vivem na região e sonham com a melhoria da logística e da economia local.

Incidente com balsa

Na segunda-feira (14), uma das balsas colidiu com um dos pilares da ponte. A embarcação estava carregada com ônibus e caminhões quando, segundo a empresa, foi empurrada pelos ventos fortes devido à altura dos veículos. Ninguém ficou ferido e não houve danos à estrutura da ponte, de acordo com inspeções preliminares.

A Marinha foi acionada e determinou a retirada da balsa de operação até a conclusão de um inquérito, que deve durar até 90 dias. Enquanto isso, filas se acumulam nos dois lados da margem do Araguaia.

Obras atrasadas e custos elevados

O projeto da ponte foi anunciado em 2017 durante o governo Michel Temer. Inicialmente orçado em R$ 132 milhões, o valor saltou para R$ 157 milhões na ordem de serviço assinada apenas em 2020, após disputas judiciais. Agora, com os custos dos acessos incluídos, o total da obra já ultrapassa os R$ 232,8 milhões.

Os acessos previstos somam 2.010 metros de extensão — sendo 310 metros no Pará e 1.700 metros no Tocantins. Eles terão pista com 12 metros de largura, acostamento e calçadas de 1,5 metro para pedestres, além de vias marginais à rodovia.

Segundo o DNIT, a conclusão da obra ainda está prevista para o segundo semestre de 2025, mas nenhuma data específica foi divulgada.

Notas oficiais

O DNIT informou que “está empenhado na conclusão das obras” e reforçou que trabalha para garantir a funcionalidade da ponte ainda este ano. A empresa Pipes afirmou que falhas mecânicas e o estreitamento do canal de navegação devido à estiagem dificultam a operação das balsas. A Marinha do Brasil confirmou que abriu um inquérito para apurar o acidente com a embarcação.

A ponte de Xambioá é considerada estratégica para a integração entre Tocantins e Pará, mas segue como símbolo de atraso e descaso com a infraestrutura na região norte do país. Enquanto o impasse não se resolve, quem depende da travessia continua enfrentando espera, incertezas e riscos.

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