MP do Tocantins apura militares do Estado em suposto esquema do “Golpe do Césio-137” investigado em Goiás

Nova fase da operação da Polícia Civil de Goiás prendeu advogados, médico e engenheiro suspeitos de fraudes milionárias; oficiais da reserva da PM e do Corpo de Bombeiros do Tocantins também são investigados.

A Polícia Civil de Goiás deflagrou, nesta quinta-feira (30), uma nova fase da operação que investiga fraudes milionárias conhecidas como “Golpe do Césio-137”. Conforme informações da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), foram cumpridos cinco mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão na Região Metropolitana de Goiânia.

Os alvos são advogados, um médico e um engenheiro suspeitos de falsificar documentos e laudos médicos para obter benefícios fiscais e previdenciários com base em uma suposta exposição ao material radioativo do acidente ocorrido em 1987, na capital goiana. O prejuízo estimado ultrapassa R$ 79 milhões.

De acordo com a Deic, o grupo ingressava com ações judiciais pedindo isenção de imposto de renda, alegando contaminação pelo Césio-137 — o mesmo argumento usado por militares e servidores do Tocantins em fraudes semelhantes já noticiadas pelo Jornal Opção Tocantins, que revelou conexões entre os esquemas dos dois estados.

Militares do Tocantins sob investigação

Em outubro, o Ministério Público do Tocantins (MPTO) instaurou um inquérito civil para apurar o envolvimento de oficiais da reserva da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, incluindo ex-comandantes, na obtenção irregular de isenções tributárias e previdenciárias baseadas em laudos falsos de contaminação por Césio-137.

Entre os investigados estão os ex-coronéis Admivair Silva Borges (ex-comandante-geral do Corpo de Bombeiros), Marielton Francisco dos Santos e José Tavares de Oliveira (ex-comandantes-gerais da PM), José Anísio Pereira Braga (ex-corregedor-geral da PM) e Edivan Ribeiro de Souza (ex-comandante da 1ª Companhia Independente da PM e ex-corregedor-geral do Detran).

O levantamento do Jornal Opção Tocantins apontou que, considerando aposentadorias superiores a R$ 40 mil, os valores indevidos recebidos por oficiais do Tocantins podem ultrapassar R$ 5 milhões, com restituições retroativas desde 2010.

Ação do MP e prejuízo ao erário

A portaria do promotor Rodrigo Grisi Nunes, da 22ª Promotoria de Justiça de Palmas, determina a apuração do dano ao erário estadual e a responsabilização dos beneficiários e de eventuais servidores públicos que possam ter colaborado com as concessões irregulares.

O MP requisitou informações à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), ao Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev), à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros, incluindo listas de beneficiários, valores pagos e eventuais sindicâncias internas.

Em nota anterior, o Igeprev informou que não havia aberto processos de restituição dos valores e que o tema é de competência da Receita Federal. Já a PGE-GO apontou que o esquema também envolveu militares de Goiás e do Tocantins, sem que houvesse medidas de devolução dos recursos.

Contexto histórico

O acidente com o Césio-137, ocorrido em setembro de 1987, é considerado o maior desastre radiológico da história do país. As isenções de imposto de renda e benefícios previdenciários foram criadas exclusivamente para as vítimas diretas da contaminação, tornando as fraudes investigadas particularmente graves do ponto de vista moral e jurídico.

As investigações seguem em andamento em Goiás e no Tocantins.

📎 Com informações do Jornal Opção.

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