Karol Digital pede relaxamento da prisão preventiva e alega constrangimento ilegal após dois meses detida
Defesa da influenciadora sustenta que não há mais motivo para a custódia; investigação aponta movimentação de mais de R$ 217 milhões em jogos de azar
A defesa da influenciadora Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital, protocolou nesta segunda-feira (13) um pedido de relaxamento da prisão preventiva junto à 1ª Vara Criminal de Araguaína. Presa desde agosto, Karol é apontada pelo Ministério Público como líder de um suposto esquema de exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro que teria movimentado mais de R$ 217 milhões entre 2019 e 2025.
O novo pedido foi apresentado pelo advogado Leandro Nardy, terceiro a assumir a defesa da influenciadora. O documento alega que a prisão se tornou desnecessária desde que o Ministério Público apresentou a denúncia, em 30 de setembro, e argumenta que a manutenção da custódia configura constrangimento ilegal.
Segundo a defesa, a investigação se estendeu por mais de dois anos sem que houvesse risco de interferência nas diligências, e a denúncia foi protocolada 48 dias após a prisão, prazo considerado “muito além do limite legal” para réus presos. O pedido também contesta a decisão que decretou a prisão, apontando falta de fundamentação concreta, baseada em expressões genéricas como “gravidade dos fatos” e “estrutura criminosa complexa”.
Acusações e valores bloqueados
Karol Digital, sua mãe Maria Luzia Campos de Miranda, o namorado Dhemerson Rezende Costa e o empresário Cristiano Arruda da Silva foram denunciados por organização criminosa, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro.
De acordo com a investigação, a influenciadora promovia jogos conhecidos como “Tigrinho”, simulando ganhos para atrair seguidores e lucrar com comissões sobre as perdas dos jogadores — que poderiam chegar a 20%.
Somente em suas contas pessoais, Karol teria movimentado mais de R$ 37 milhões, além de valores transferidos por sua empresa, Karol Digital Ltda.. O Ministério Público pediu o confisco de R$ 69,3 milhões, considerados ilícitos, e o bloqueio de bens que incluem sete imóveis, veículos de luxo — como um Porsche 911 Carrera e uma McLaren Artura — e uma fazenda avaliada em R$ 8 milhões em Palmeirante.
Prisão e situação atual
Karol e Dhemerson foram presos em 22 de agosto, durante a Operação Fraus, da Polícia Civil e Ministério da Justiça. Ela está recolhida na Unidade Penal Feminina de Ananás, enquanto ele cumpre prisão preventiva em Araguaína.
A defesa nega as acusações e sustenta que a prisão é “desumana”, mencionando o estado de saúde da influenciadora e a necessidade de cuidados com a filha de seis anos. Como alternativa, os advogados pedem que a prisão seja substituída por medidas cautelares, como comparecimento em juízo e proibição de contato com outros denunciados.
O pedido aguarda decisão da Justiça. Caso o relaxamento seja negado, o processo seguirá para a fase de instrução, com oitiva de testemunhas e produção de provas.

