EDITORIAL | Rodovias em risco: o abandono federal que castiga o Tocantins

Desde o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), em dezembro de 2024, a população tocantinense, especialmente a do Bico do Papagaio, tem convivido com os impactos trágicos e contínuos de uma omissão inaceitável por parte do governo federal. Foram 14 vidas perdidas, três pessoas continuam desaparecidas, e, até agora, nenhum plano concreto de socorro estrutural foi apresentado pelo Executivo nacional.

Com a interrupção da BR-226, a alternativa tem sido o uso forçado de rodovias estaduais que não foram projetadas para suportar o tráfego intenso — e pesado — de caminhões, carretas e ônibus que diariamente cruzam a região. Mais de 400 km de estradas sob a responsabilidade do Estado estão, hoje, sob intensa sobrecarga. A manutenção dessas vias está além da capacidade técnica e financeira do Tocantins.

É urgente que o governo federal assuma a responsabilidade que lhe cabe. A utilização massiva dessas rotas estaduais não é uma escolha, mas uma necessidade imposta pela ausência de infraestrutura federal. E quem paga essa conta, com riscos e prejuízos, é o povo tocantinense.

Hoje, 13 municípios do Bico do Papagaio são diretamente afetados. Centenas de milhares de tocantinenses dependem diariamente dessas estradas para o escoamento da produção, transporte de insumos, deslocamento escolar, atendimentos de saúde e, sobretudo, para sobreviverem com dignidade. Não é exagero dizer que o colapso logístico da região está à porta.

O governador Wanderlei Barbosa já oficializou pedido de ajuda à União. Deputados estaduais como Jorge Frederico e Eduardo Fortes também vêm denunciando publicamente a negligência federal. Mas até agora, a resposta tem sido o silêncio — e o silêncio custa caro, especialmente para uma população que já viu vidas serem perdidas por conta da omissão.

A travessia por balsa e voadeiras, mantida temporariamente pelo Estado, é paliativa. As rodovias estaduais não podem continuar sendo tratadas como válvula de escape da incompetência federal. A reconstrução da ponte é fundamental — mas garantir acesso seguro até lá, todos os dias, é ainda mais urgente.

É hora de ação. O Tocantins não pode continuar arcando sozinho com um problema criado pela omissão do governo federal. O povo tocantinense socorro. Exige respeito.

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