Correios fecham 2024 com prejuízo de R$ 2,6 bilhões e maior déficit em oito anos
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos encerrou o ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, o maior registrado desde 2016. Os dados foram publicados no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (9), junto às demonstrações financeiras auditadas. A perda é quatro vezes maior do que o déficit contabilizado no ano anterior, de R$ 597 milhões (reajustado para R$ 633 milhões).
O resultado negativo, segundo os Correios, foi impactado por diversos fatores, como queda de receitas, aumento de custos operacionais e a baixa rentabilidade das unidades de atendimento espalhadas pelo país. A empresa informou que apenas 15% das 10.638 agências fecharam 2024 com superávit — ou seja, com receitas maiores do que as despesas.
Apesar do cenário adverso, a estatal reafirma seu compromisso com a universalização dos serviços postais. “Ainda que 85% das unidades sejam deficitárias, os Correios garantem o acesso universal de todas e todos aos serviços postais, com tarifas justas, em cada um dos 5.567 municípios atendidos”, destacou em nota.
Queda na receita e alta nos custos
A receita com serviços prestados caiu para R$ 18,9 bilhões, o menor valor desde 2020 e R$ 335 milhões abaixo do total arrecadado em 2023. Ao mesmo tempo, os custos operacionais saltaram para R$ 15,9 bilhões, aumento de R$ 716 milhões em relação ao ano anterior — o maior patamar desde 2017.
A maior fatia dessa elevação foi atribuída a gastos com pessoal, que passaram de R$ 9,6 bilhões em 2023 para R$ 10,3 bilhões em 2024. Os Correios justificaram a alta com a assinatura de um Acordo Coletivo de Trabalho, que representou um impacto de R$ 550 milhões, além de reajustes em benefícios, como o vale alimentação/refeição, que teve acréscimo de R$ 41 milhões.
Investimentos e sustentabilidade
Apesar do rombo financeiro, os Correios destacam que 2024 foi um ano de fortes investimentos, totalizando R$ 830 milhões, o que eleva para R$ 1,6 bilhão o montante aplicado desde o início da atual gestão.
Os recursos foram direcionados principalmente para modernização da frota e infraestrutura operacional, com foco em sustentabilidade. Foram adquiridos 50 furgões elétricos, 3.996 bicicletas cargo com baú, 2.306 bicicletas elétricas e 1.502 veículos tradicionais, dentro do plano estratégico de cinco anos voltado à transição ecológica das operações logísticas da empresa.
A estatal reiterou que continuará investindo em soluções tecnológicas e ações sustentáveis. “A sustentabilidade continuará a ser tema central em nosso dia a dia. Esperamos evoluir ainda mais em nossos propósitos de caráter social e ambiental”, afirmou em comunicado.
Auditoria com ressalvas
As demonstrações financeiras também receberam ressalvas de auditoria independente, o que acende sinal de alerta sobre a consistência dos dados contábeis apresentados pela estatal. Os detalhes da auditoria ainda não foram divulgados na íntegra.
Com o prejuízo de 2024, os Correios voltam a registrar um déficit bilionário pela primeira vez desde 2016, quando a empresa havia fechado o ano com perdas de R$ 1,5 bilhão — o equivalente a R$ 2,3 bilhões em valores atualizados.