Retirada de agrotóxicos do Rio Tocantins só deve ocorrer após abril, informa Ibama
A carga de defensivos agrícolas que caiu no Rio Tocantins com o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre o Tocantins e o Maranhão, só deve ser completamente retirada após o final de abril deste ano. A informação foi divulgada nesta terça-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O acidente ocorreu no dia 22 de dezembro de 2024, quando o vão central da ponte desmoronou, levando consigo dez veículos, incluindo carros, motos, caminhonetes e carretas. No desastre, 14 pessoas perderam a vida, uma sobreviveu, e três continuam desaparecidas.
Trabalho interrompido
Entre as carretas que caíram no rio estavam duas com 76 toneladas de ácido sulfúrico e uma com 22 mil litros de defensivos agrícolas. O Ibama informou que as empresas responsáveis pelos produtos perigosos contrataram equipes especializadas para realizar a retirada dos materiais.
Até 9 de janeiro, foram recuperadas 29 bombonas de 20 litros cada, mas os trabalhos precisaram ser suspensos devido ao aumento na vazão da água provocado pela Usina Hidrelétrica de Estreito. Atualmente, o rio apresenta profundidades superiores a 40 metros, baixa visibilidade e vazões que dificultam a realização dos mergulhos.
De acordo com o Ibama, seriam necessários 145 dias de mergulhos para a retirada completa dos agrotóxicos. No entanto, para que isso seja viável, a vazão do rio precisa estar em cerca de 1.000 m³/s. Atualmente, a vazão supera os 7.500 m³/s, e as condições seguras para o trabalho só devem ocorrer após o período chuvoso, que termina em abril.
O Consórcio Estreito Energia (Ceste), responsável pela usina, foi informado sobre o risco de que as bombonas se desloquem e reapareçam em outros trechos do rio. Contudo, a empresa afirmou que não há condições de garantir períodos para os mergulhos no atual cenário climático.
Relembre o caso
O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira foi uma das maiores tragédias do Tocantins em 2024. A estrutura, localizada na divisa entre o estado e o Maranhão, era crucial para o transporte de cargas e para a mobilidade entre as regiões. O desmoronamento, que aconteceu em um dia de grande movimentação, deixou marcas profundas na história local.
Entre as vítimas desaparecidas estão Salmon Alves Santos, de 65 anos, Felipe Giuvannuci Ribeiro, de apenas 10 anos (avô e neto), e Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos. Os trabalhos de busca foram intensificados nos primeiros dias após o acidente, mas as condições adversas do rio dificultaram as operações.
A tragédia gerou comoção nacional e levantou debates sobre a manutenção de pontes e infraestruturas essenciais no Brasil. A ponte, que já apresentava sinais de desgaste antes do desabamento, estava na lista de prioridades para reparos, mas não recebeu as intervenções necessárias a tempo.
O caso segue sendo acompanhado por autoridades locais e nacionais, com o Ibama monitorando os impactos ambientais causados pelos produtos químicos no leito do rio.