Wanderlei ignora críticas de sindicados de agentes e nomeia delegado no comando da SSP
O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, anunciou nesta quinta-feira (16) a nomeação do delegado Bruno Azevedo como titular da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). A decisão marca uma mudança na pasta, que estava sendo conduzida interinamente pelo delegado Reginaldo de Menezes Brito desde 1º de janeiro.
Perfil de Bruno Azevedo
Natural de Paraíso do Tocantins, Bruno Azevedo é graduado em Direito pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e possui especialização em Direito Público. Delegado desde 2009, acumula experiência em diversas unidades policiais do Estado, tendo chefiado a Diretoria de Inteligência e Estratégia e criado o Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro e a 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (Dracma).
Desde 2022, Bruno Azevedo preside o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Tocantins (Sindepol), para o qual foi reeleito em 2024. Ele também atua como professor universitário em Palmas.
O governador destacou a qualificação de Bruno Azevedo como determinante para a escolha. “Estamos assegurando que as investigações sigam de forma transparente e dentro da mais estrita legalidade. Vamos garantir a continuidade dos trabalhos e a estabilidade necessária para alcançarmos os melhores resultados na segurança da população”, afirmou.
Bruno Azevedo agradeceu a confiança e reforçou seu compromisso com a segurança pública. “É uma honra assumir essa missão e contribuir para a segurança pública do nosso Estado. Reafirmo meu compromisso em atuar com transparência, pautado na legalidade e no firme combate ao crime. O apoio do governador e de toda a equipe será fundamental para alcançarmos nossos objetivos”, declarou.
Críticas e posicionamentos do Sinpol-TO
A nomeação gerou reação do Sindicato dos Policiais Civis do Tocantins (Sinpol-TO), que se posicionou contra a escolha de Bruno Azevedo. Segundo o sindicato, ele teria atuado, enquanto presidente do Sindepol, para um aumento salarial exclusivo aos delegados, o que, de acordo com a entidade, prejudicou a valorização de outros cargos da Polícia Civil.
O Sinpol-TO também apontou que Bruno Azevedo teria se oposto à criação do cargo de Oficial Investigador de Polícia, que unificaria as funções de agentes e escrivães. O presidente do Sinpol-TO, Ubiratan Rebello, relembrou um episódio na Assembleia Legislativa em que Bruno Azevedo teria, segundo ele, demonstrado “total descontrole emocional” e utilizado “tom ameaçador e intimidativo”.
A entidade afirmou que espera que a nomeação seja revista. “Não queremos acreditar que o governador Wanderlei Barbosa tomaria qualquer atitude que viesse a trazer instabilidade ao seu governo e na vida dos profissionais policiais civis. A nomeação do delegado Bruno Azevedo para o comando da SSP seria a concretização de vaidades pessoais e o fim da valorização de centenas de homens e mulheres que atuam diuturnamente no combate à criminalidade no Tocantins”, declarou Ubiratan Rebello.
Reunião com entidades
O Sinpol-TO, juntamente com outras entidades, como o Sindicato de Peritos Oficiais do Estado do Tocantins (Sindiperito) e a Associação dos Agentes de Polícia do Estado do Tocantins (Agepol-TO), realizou uma reunião para discutir o desdobramento da nomeação. Uma nova Assembleia Geral foi convocada para avaliar os próximos passos.
Continuidade da gestão
Durante o período em que esteve interinamente no cargo, o delegado Reginaldo de Menezes Brito garantiu a continuidade dos trabalhos na SSP e permanece como secretário executivo da pasta.
A nomeação de Bruno Azevedo ocorre em meio a elogios por sua experiência e críticas de parte das categorias policiais, destacando os desafios de alinhamento entre governo e as entidades representativas da segurança pública.