PF investiga assessor da PGR suspeito de vazar informações de operações no Tocantins
A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em endereços de Felipe Alexandre Wagner, assessor da Procuradoria-Geral da República (PGR), suspeito de repassar informações sigilosas de processos criminais para investigados. A informação foi revelada pela revista Piauí e confirmada em decisões do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da Operação Sisamnes — que apura supostas vendas de decisões judiciais.
Diálogo expôs ligação com Tocantins
Segundo a Piauí, o nome de Wagner apareceu em um diálogo interceptado entre o prefeito de Palmas, José Eduardo de Siqueira Campos (Podemos), e Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos). A conversa, gravada em 26 de junho de 2024, tratava de supostos vazamentos das operações Fames-19 e Maximus, ambas em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
No diálogo, Eduardo Siqueira Campos afirma a Thiago que sua situação era mais grave do que pensava, pois já era alvo formal de investigação. Ele menciona um contato em Brasília, chamado “Felipe”, responsável por elaborar “pareceres”, e o descreve como “o cara que vai escrever as coisas para a própria menina que deu esse parecer para o gabinete”. Até agora, não está claro a quem ele se referia como “a menina” nem o que mais a PF conseguiu levantar a partir dessa pista.
Buscas e possível exoneração
De acordo com fontes citadas pela Piauí, durante as diligências a PF apreendeu o celular e o notebook de Wagner. O assessor ocupava um cargo comissionado (CC-4) na PGR, mas, segundo a mesma publicação, já foi exonerado. A decisão, contudo, ainda não consta no Diário Oficial da União.
Operação Sisamnes
Deflagrada sob supervisão do STF, a operação já havia atingido desembargadores, advogados e lobistas suspeitos de intermediar decisões judiciais. A inclusão de um assessor da PGR no rol de investigados amplia o alcance do caso e levanta dúvidas sobre a extensão da rede de vazamentos, que pode ter ultrapassado o Judiciário e alcançado o próprio órgão responsável pelas investigações.
Repercussão
A Procuradoria-Geral da República não se manifestou oficialmente até a publicação desta reportagem. O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, responsável por conduzir inquéritos que envolvem autoridades tocantinenses, afirmou à Piauí que não poderia comentar por se tratar de caso sob sigilo judicial:
“Não posso comentar. A lei me proíbe.”
Felipe Wagner não foi localizado pela reportagem.

