Mulher morre após picada de cobra e MP investiga possível negligência médica no Hospital de Doenças Tropicais de Araguaína

Órgão apura se demora no atendimento contribuiu para o óbito; hospital, CRM e Vigilância Sanitária têm prazos para se manifestar.

O Ministério Público do Tocantins (MPTO) instaurou um procedimento preparatório para apurar as circunstâncias da morte de uma paciente que deu entrada no Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), em Araguaína, após ser picada por uma cobra no início deste ano. A investigação foi publicada no Diário Oficial do órgão na última sexta-feira (12).

Segundo denúncia anônima enviada ao MP em maio, a mulher chegou à unidade consciente e conversando, mas, ao longo da internação, seu estado de saúde teria piorado severamente sem que medidas efetivas fossem adotadas de imediato. O documento relata ainda que, após exames de imagem, foi detectado sangramento intracraniano, mas teria havido demora “injustificável” para a adoção de condutas compatíveis com a gravidade do quadro.

A paciente acabou sendo intubada na ala A do hospital e, posteriormente, apresentou sinais sugestivos de morte encefálica. O registro do óbito não teve data divulgada na portaria do MP.

Especialistas destacam importância de atendimento rápido

Profissionais ouvidos pela reportagem explicam que, em casos de picadas de cobras peçonhentas, a rapidez no atendimento é fundamental. O uso imediato do soro antiofídico e o suporte clínico adequado — incluindo controle de sangramento, respiração e pressão arterial — aumentam significativamente as chances de recuperação. Ainda que graves, esses casos não costumam ser automaticamente fatais, mas atrasos no tratamento podem elevar consideravelmente o risco de morte.

Determinações do MP

A portaria da 5ª Promotoria de Justiça de Araguaína, assinada pela promotora Bartira Silva Quinteiro Rios, aponta indícios de suposta negligência médica no atendimento. Para esclarecer a situação, foram adotadas as seguintes medidas:

  • O Conselho Regional de Medicina (CRM) deverá analisar a conduta da equipe responsável e encaminhar parecer em até 40 dias.
  • O HDT-UFT terá que enviar, em até 20 dias, a revisão do prontuário, do atestado de óbito e dos documentos médicos da paciente, apontando falhas e sugerindo melhorias na assistência.
  • A Vigilância Sanitária Estadual também foi acionada para apurar possíveis falhas hospitalares e indicar providências para evitar novos casos, com prazo de 20 dias.

Próximos passos

O procedimento preparatório tem como objetivo reunir documentos, ouvir especialistas e verificar eventuais responsabilidades. Dependendo das conclusões, podem ser adotadas medidas judiciais e administrativas.

*Atualizado às 13h34, no dia 16/09, com Nota do HDT

NOTA

O Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), vinculado à Ebserh, informa que ao tomar conhecimento da denúncia sobre o atendimento de paciente vítima de acidente com animal peçonhento, instaurou procedimento interno, por meio do Serviço de Vigilância em Saúde, e deu início ao processo de análise e investigação do caso pela Comissão de Revisão de Óbitos. Reforça, ainda, que colaborará integralmente com todos os órgãos responsáveis pela apuração. O HDT-UFT lamenta o ocorrido e reafirma seu compromisso com a transparência, a segurança do paciente e a melhoria contínua da assistência prestada à população.

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