Em meio a “crise financeira” Câmara de Araguaína paga R$ 12 mil a auxiliar administrativo e R$ 8 mil a vigilante em contratos temporários sem concurso
Após anunciar um arrocho financeiro devido à suspensão judicial dos repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), valor na casa de R$ 1 milhão por mês, recentes contratações temporárias feitas pela Câmara Municipal de Araguaína têm causado indignação entre servidores públicos e a população. Os extratos publicados no Diário Oficial revelam que uma auxiliar administrativa foi contratada por R$ 12.122,32 mensais e um vigilante por R$ 8.889,71 — valores considerados completamente fora da realidade salarial praticada em Araguaína e no Brasil.
As nomeações foram assinadas pelo presidente da Casa, Max Machado Fleury, e preveem atuação de 30 horas semanais, por períodos que vão até dezembro deste ano, sem concurso público. Ambos os contratados terão o mesmo salário-base de servidores efetivos, concursados há décadas e com progressão na carreira.
“A auxiliar administrativa contratada por esse valor vai receber exatamente o mesmo salário de quem passou em concurso, tem mais de 20 anos de casa e enfrentou todas as etapas da administração pública para estar ali. Isso é uma afronta à categoria”, afirmou um servidor efetivo, que preferiu não se identificar.
As publicações estão no Diário Oficial da Câmara de Araguaína, nas edições de 3, 4 e 15 de julho de 2025.
Supersalários e ausência de critérios
Os casos chamam atenção não apenas pelos valores, mas pela falta de transparência no processo seletivo. A justificativa usada é a substituição de servidores em licença ou férias, mas não há qualquer detalhamento de critérios de escolha, experiência ou capacitação técnica dos contratados.
O uso de recursos não vinculados do orçamento público para bancar salários tão altos em cargos de apoio levanta suspeitas de apadrinhamento político e uso indevido da máquina pública. Lideranças sindicais e representantes da sociedade civil já se manifestam cobrando explicações.
“Isso não é contratação temporária, é uma nomeação com salário de alto escalão para cargos que normalmente recebem menos da metade disso. O povo está cansado de ver apadrinhamento sendo maquiado como necessidade administrativa”, criticou um representante do setor educacional.
Outros contratos
Entre os extratos também consta a contratação temporária de duas advogadas, com salário de R$ 6.609,21 ,valor considerado compatível com a função e o padrão técnico exigido, além de um motorista, com salário de pouco mais de R$ 4 mil.
Câmara em silêncio
Até a publicação desta reportagem, a Câmara de Araguaína não havia se manifestado publicamente sobre as contratações. O espaço segue aberto.
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