Prefeitura de Araguaína gastou mais de R$ 1,5 milhão, sem licitação, em programa biotecnológico contra dengue, mas cidade segue em risco de epidemia

Mesmo após investir mais de R$ 1,5 milhão sem licitação em um programa de combate à dengue, Araguaína ainda enfrenta risco de epidemia da doença. O alerta foi emitido pelo próprio Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) com base nos dados do último Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti (LIRAa), que apontou índice de infestação de 4,8% — quase cinco vezes acima do limite tolerado pelo Ministério da Saúde, que é de 1%.

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O investimento milionário foi feito no programa Aedes do Bem™, que utiliza biotecnologia para tentar controlar a população do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. A contratação foi feita sem processo licitatório, conforme dados públicos obtidos no Portal da Transparência da Prefeitura de Araguaína.

Você pode conferir a íntegra do contrato clicando aqui.

Apesar da aplicação do programa, a cidade continua apresentando números preocupantes. Entre os dias 5 e 9 de maio, o CCZ encontrou 805 depósitos com presença do mosquito. A maior parte — 70% dos focos — estava dentro de residências. Outros 19,5% foram localizados em terrenos baldios.

Entre os principais criadouros estão vasos e pratos de plantas, frascos, bebedouros de animais (54%), resíduos sólidos e lixo (25%) e pneus (14%).

Casos em queda, mas infestação segue alta

Os dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam queda de 14,6% nos casos notificados de dengue em Araguaína entre janeiro e maio deste ano, na comparação com o mesmo período de 2024. Foram 274 casos em 2024 contra 234 em 2025.

Nos bairros onde os dispositivos do Aedes do Bem™ foram instalados, a prefeitura aponta reduções, como no Bairro de Fátima ( de 11 para 1 caso) e no setor São João (de 15 para 4 casos).

População deve fazer sua parte, diz prefeitura

A coordenadora do Programa Municipal de Controle da Dengue, Mariana Parente, reforçou que, apesar dos investimentos e da atuação do poder público, o controle do mosquito depende da colaboração da comunidade.

“Esses dados alertam para a responsabilidade de cada cidadão no sentido de monitorar e evitar que esses recipientes acumulem água em sua casa. Precisamos do comprometimento de todos para que não tenhamos novos casos de dengue, que é séria e pode causar mortes”, disse.

O prefeito Wagner Rodrigues também se pronunciou sobre o programa e pediu que a população preserve os equipamentos, após relatos de depredação dos dispositivos. “Esse dispositivo tem valor inestimável, pois representa vidas que estão sendo salvas”, afirmou.

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