Suspeitos compraram fazendas no TO e construíram pistas clandestinas para tráfico de drogas, aponta investigação

Dois suspeitos, apontados como integrantes de um grupo criminoso investigado por transportar drogas em aviões por rotas da região das Serras Gerais, compraram fazendas em áreas isoladas do Tocantins e construíram pistas de pouso clandestinas, segundo informações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Tocantins (FICCO/TO). De acordo com a polícia, cada carregamento transportado pela organização ultrapassava 500 kg de cocaína, com valor estimado superior a R$ 15 milhões.

A operação, deflagrada nesta quinta-feira (29), mobilizou cerca de 200 agentes para o cumprimento de 35 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de prisão temporária, com o objetivo de desarticular o núcleo financeiro e logístico do grupo. Os nomes dos investigados não foram divulgados, e até a última atualização desta reportagem, não havia retorno das defesas.

Conforme a investigação, a organização utilizava empresas de fachada para lavar o dinheiro proveniente do tráfico e mantinha uma estrutura complexa de apoio logístico. “A organização atuava com forte aparato logístico, utilizando fazendas em regiões isoladas para construir pistas de pouso clandestinas, com capacidade para receber aeronaves de pequeno porte carregadas com entorpecentes. Conseguimos identificar a movimentação milionária e o uso de empresas de fachada voltadas à lavagem de dinheiro, evidenciando a atividade criminosa”, explicou o delegado Evaldo Gomes, da Polícia Civil.

A investigação teve início em 2024, após a abordagem de dois homens pela Polícia Militar. Eles transportavam mil litros de combustível para aviação em uma caminhonete e carretinha, com destino a uma fazenda na zona rural de Almas (TO). A carga foi interceptada no posto fiscal de Novo Jardim, na divisa entre Tocantins e Bahia. Na ocasião, a polícia suspeitava que uma aeronave estaria esperando para descarregar drogas no local. Os agentes apreenderam a caminhonete, a carretinha, o combustível, equipamentos e um drone.

Com o avanço das investigações, foi descoberto que os dois suspeitos haviam adquirido propriedades no Tocantins e construído pistas de pouso clandestinas. Um deles tinha um mandado de prisão em aberto e passagens criminais por roubo, adulteração de sinal identificador de veículo, posse irregular de arma e tráfico de drogas.

🔍 Lavagem de dinheiro e empresas de fachada
A apuração também revelou que o grupo utilizava empresas reais e de fachada, incluindo construtoras, para disfarçar a origem ilícita do dinheiro. Foram identificadas transferências milionárias entre as empresas ligadas à organização e uma instituição financeira suspeita de atuar como “banco paralelo” para facções criminosas. A mesma instituição já havia sido alvo de investigações da Polícia Civil de São Paulo em agosto de 2024.

Durante a operação, foram aplicadas medidas de sequestro e bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 64 milhões. Entre os itens apreendidos estão fazendas, caminhões, carretas, veículos de luxo, aeronaves e embarcações, além de dinheiro em espécie.

A FICCO informou que os suspeitos poderão responder por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico de drogas. A força-tarefa é composta por agentes da Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Penal do Tocantins.

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