Wagner Rodrigues usa estrutura de comunicação da Prefeitura para tentar desmobilizar greve de professores
Quem abrir suas redes sociais neste sábado será, com certeza, bombardeado pelo vídeo do prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues (UB), criticando a paralisação dos professores concursados do município.
Perfis de influenciadores, portais de notícias, páginas de humor. Para onde se olhe, lá está o prefeito.
Em uma campanha de comunicação poucas vezes vista, Wagner tem usado toda a força da estrutura de comunicação da prefeitura para tentar desmobilizar o movimento e convencer a população de que a greve seria “desnecessária”. Minimizando a paralisação, ele afirma que sua gestão investe na valorização dos profissionais da educação, cita obras de infraestrutura, como a climatização de salas e a ampliação do ensino integral, além de dizer que sempre esteve aberto ao diálogo.
Para sindicalistas ouvidos pelo RTO, o uso da máquina pública para tentar enfraquecer o movimento expõe uma tentativa clara de jogar a opinião pública contra os grevistas, enquanto as reivindicações reais da categoria seguem sem resposta. “O que falta é compromisso com o servidor e respeito à pauta apresentada. Não é com propaganda que se resolve o que está sendo ignorado há anos”, afirmou um representante sindical.
A pauta da greve inclui pagamento de progressões funcionais atrasadas, a implementação do PCCR dos servidores administrativos da educação e o cumprimento da jornada legal que garante um terço do tempo para planejamento pedagógico. Segundo os professores, o descaso da gestão com esses pontos mostra que a valorização prometida não passa de discurso.
Além disso, o anúncio feito pelo prefeito de que pode contratar professores temporários caso a greve continue foi mal recebido pela categoria. Para muitos, a declaração soa como tentativa de intimidação, colocando em risco a qualidade do ensino com contratações emergenciais sem seleção adequada — além de deixar claro que, se o município tem condições de pagar contratados, teria como atender os pedidos dos concursados.
A paralisação segue por tempo indeterminado e, até o momento, não há sinal de acordo. Enquanto isso, alunos estão sem aula e a comunidade escolar acompanha os desdobramentos de um conflito que expõe, de um lado, um governo que investe em imagem — e, de outro, educadores que cobram respeito, estrutura e voz.